sábado, 14 de julho de 2012

Em 1980, com apenas quatorze anos, fui agraciado pela professora Maria Arlete, que entre muito alunos, me escolheu para declamar uma poesia matuta, durante as comemorações das festas juninas do Grupo escolar Carlos Rios, da Vila do Espirito Santo, distrito de São Bento do Una em Pernambuco. A poesia era " Eu e Vicência" cujo autor, apesar de várias pesquisas, não consegui descobrir. Foi um grande sucesso, todo mundo vinha me parabenizar, pedir para declamar de novo, escrevê-la, cantá-la... Foi meu primeiro contato com o grande público, rsrs, estava selado meu casamento com a literatura de cordel. Agora, alguns anos depois, resolvi gravar um video declamando esta poesia e aqui postá-lo para vocês. Espero que gostem. Um grande abraço!

sábado, 19 de maio de 2012

JEITO DO MATO - BANDA 100PAREA


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tradição e Cultura Nordestina - Os Bacamarteiros

Este video não tem boa qualidade, mas é o registro de uma tradição nordestina, que rompe a barreira do tempo e se mantém viva nos rincões do Nordeste brasileiro mantende a sua excencia num misto de religiosidade e folclore que são a base da cultura nordestina. Este video foi gravado numa pequena vila encravada no agreste pernambucano, A Vila do Espirito Santo distrito de São Bento do Una  estado de Pernambuco.



domingo, 7 de agosto de 2011

CORDEL DO NILDO CORDEL- UM RICO E UM MENDIGO

UM RICO E UM MENDIGO X A AIDS E A FOME


Peço a Deus em oração
Clarear meu pensamento
Para eu versar uma história
De tristeza e de lamento
Que mostra que nesse mundo
Não tem primeiro ou segundo
Quando o tema é sofrimento.

Num rico bairro em São Paulo
Esta história aconteceu
Como repórter da rima
Eu narro o que ocorreu
Em poema de cordel
Um dom que bom Deus do céu
Como presente me deu.

De uma rica mansão
Um farto lixo vertia
E à custa desse lixo
Um pobre velho vivia
Pois nele o velho pegava
A comida que matava
Sua fome todo dia.

Nessa mansão residia
Um homem bem sucedido
Com uma linda mulher
E o seu filho querido
Um jovem adolescente
Que viva docemente
Pelo amor protegido.

Já o mendigo vivia
Sem rumo e sem destino
Sua cama era um banco
Sua vida um desatino
Não tenha nenhum legado
Por isso era tratado
Como um cão velho assassino.

Família ele não tinha
Também não tinha um nome
Não vivia, vegetava
Seu inimigo era a fome
Confundia-se com um bicho
Comendo restos de lixo
Miséria era o sobrenome.

Sentado naquele banco
Via tudo acontecer
Policia matar bandido
Gente de fome morrer
Tal qual um espectador
De frente ao televisor
Que nada pode fazer.

Mas como todo vivente
Ele tinha um passado
Do qual ele procurava
Nunca se fazer lembrado
Pois pensava ele assim
Que se lembrar de coisa ruim
Na certa é sofrer dobrado.

Foi quando ele viva
Nas quebradas do sertão
E uma tremenda seca
Acarretou seu torrão
Sua família matou
E como a terra secou
Também o seu coração.

Sozinho o velho mendigo
Amargava o dissabor
A lembrança o torturava
Como um grande ditador
E sonhava ter a sorte
Que muito cedo a morte
Desse cabo a sua dor.

Mas vou deixar o mendigo
Com sua recordação
Para falar do ricaço
Que morava na mansão
Por grades e guardas guardado
Como vive um condenado
Que foi mandado à prisão.

Era o homem um empresário
De grande sabedoria
Com amor e competência
 A seus negócios conduzia
Mas enfrentava um dilema
Em casa um grande problema
Somente dor lhe trazia.

Para o filho dava tudo
Carinho, dinheiro, amor
Sua esposa era uma santa
Amava-o com muito ardor
Tinham a tudo o que sonhavam
Mas juntos os dois enfrentavam
Um tremendo dissabor.

É que o seu único filho
Por eles tão bem criado
Na vida pelos amigos
Foi mal influenciado
Em nome da experiência
Tornou-se por conseqüência
Mais um jovem viciado.

Os dois fizeram de tudo
Pela recuperação
Do filho, porém o mesmo
De tudo abria mão
Dizia: não sou doente
Sou só um jovem pra frente
E viva a badalação.

Como vivemos em um mundo
Onde tudo pode ser
Coberto de preconceitos
Pode então alguém dizer:
Ele é apenas mais um
Mas hoje um risco em comum
Quem tem vício vai correr.

E este risco é a AIDS
Que todo mundo conhece
Porque ela é fato
Cujo risco permanece
Apesar da medicina
Dessa doença assassina
Muita gente inda perece.

Pois bem, nosso adolescente
Contraiu o mal pior
Além disso, era usuário
De pedra, cigarro e pó
Não buscava tratamento
E com isso o sofrimento
De seus pais, causava dó.

Não adiantou esforços
Nem o dinheiro valeu
Toda luta vão em vão
O jovem rico morreu
E mesmo sem ter soberba
Da dor da terrível perda
A família padeceu.

Desesperado seu pai
Não sabia o que fazer
Perdeu da vida o sentido
Quem iria lhe valer
Implorava ao Salvador:
Meu Deus me tire essa dor
Faça-me logo morrer.

Em certa manhã no banco
Da praça ele sentou
Ao lado do mendigo
A quem chorando abraçou
E como seu confidente
Àquele triste vivente
Sua história contou.

Depois de longo silêncio
O mendigo assim falou:
Meu senhor a diferença
Entre nós dois acabou
Porque atroz destino
Num terrível desatino
Duas vidas transformou.

Certa vez em minha terra
Grande seca ocorreu
Batalhei como ninguém
Mas meu esforço não deu
O desgosto me consome
Porque seu moço, de fome
Minha família morreu.

Eu sei que pra quem é rico
Sentido não vai fazer
Onde já se viu de fome
Poder alguém falecer?
Mas o destino é ingrato
E lhe garanto é um fato
O que findo de dizer.

Mas seu moço a natureza
De bela se torna dura
E pode trazer o bem
Mesmo numa desventura
A AIDS deixa destroços
E a ciência faz esforços
Para achar sua cura.

Por isso faço um apelo
Ao grande Deus de Belém
E no final vou pedir
Que o senhor diga amém
Quem sabe que na procura
A ciência ache a cura
Que cure a fome também?

QUEM RI POR ÚLTIMO

Tu penas que és o quê,
A dona dos meus sentidos!
Esqueces que nossos beijos
Já estão desfalecidos
Que se foram com o tempo
E há muito são esquecidos?

Porque passas tão altiva
Tal qual a dona do mundo
Esqueces que o amor
É malandro e vagabundo
E como um bom retirante
Despede-se em um segundo?

Não pises com muita força
Tentando uma esmagação
Pois podes neste momento
Com tua terrível ação
Estar esmagando sim
O teu próprio coração.

O amor vive o passado
Mas ligado no futuro
Enquanto tu julgas ser
Desse amor porto seguro
Ele pode ter fugido
E pulado outro muro.

Então baixes a bola mina
Não quero aqui te frustrar
Mas quem por ti chorou ontem
Hoje pode gargalhar
Quem rir por último é quem faz
Quem riu primeiro chorar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

CORDEL DO NILDO CORDEL - TANGÊNCIA


Não sei de onde eu venho
Muito menos pra onde vou
Sei apenas que existo
Duvido do que eu sou
Mas não posso ignorar 
Àquele que me criou.

Sou obra de um soberano
Sou membro da natureza
Sou filho de divindade
Por isso tenho grandeza
Sou ator do dia-a-dia
No palco da sutileza.

Não reclamo da má sorte
Agradeço as aventuras
Fico triste se por vezes
Sou vitima de desventuras
Não falo mal dos impuros
Porque não tenho mãos puras.

Canto o canto do vento
Danço com o dessabor
Faço dupla com o tempo
Contemporizo o amor
E para me perfumar
Uso o perfume da flor

Não sou mais do que o pó
Que levanta levemente
Sou a barreira que separa
O imoral do decente
Não sou mais do que ninguém
Sou um homem, simplesmente.



domingo, 18 de julho de 2010

CORDEL DO NILDO CORDEL - FRANCISQUINHA

Sou poeta de cordel
Trago no sangue esta sina
Na arquitetura do verso
Minha mente não declina
Por isso vou construir
Mais uma obra com rima.

O que agora vou versar
É fato, não é mentira
Aconteceu a uma jovem
Da cidade de Cupira
Em solo pernambucano
No Sitio da Macambira.

Francisca moça pacata
De perfeita educação
De casa só se afastava
Para seguir procissão
Ir a enterro de parente
E em dia de eleição

Filha educada e zelosa
Em casa tudo fazia
Costurar, bordar, Cingir
Francisca tudo sabia
Era na cozinha a fada
Que todo homem queria

Sua fama de pureza
Corria toda cidade
Os moços todos sonhavam
Gozar de sua amizade
E prêmio maior seria
Desposar essa beldade.

Porém vê-la para muitos
Sorte grande já seria
Pois Francisca não ousava
Andar pela freguesia
Por segurança, em casa
Tinha tudo o que queria.

De segunda a sexta-feira,
Para educar a donzela
Uma freira contratada
Estava sempre com ela
Pois Francisca era uma jóia
Educada, santa e bela.

Por outro lado Raimundo
Um cidadão galhofeiro
Era a imagem do cão
Preguiçoso e bagunceiro
Que tinha passado uns tempos
Lá no Rio de Janeiro.

Com sotaque carioca
Puxando para o paulista
Raimundo lá em Cupira
Parecia um artista
Todas as moças da cidade
Figuravam em sua lista.

Um sujeito extrovertido
Bem quisto pela cidade
Amigo de todo mundo
Por sua sagacidade
Bonito, bom de conversa
Mas de pouca qualidade.

Todas as moças da cidade
Tinham a ele namorado
Mas nenhum pai gostaria
De ver Raimundo casado
Com sua filha e vivendo
Pra dentro do seu cercado..

Mas sabemos que o destino
Traça seu próprio caminho
E dessa forma juntou
Como galhos para um ninho
Raimundo e Francisquinha,
O "gato" e o "passarinho".

Um parente de Francisca
Naqueles dias morreu
Nesse velório a mocinha
Ao Raimundo conheceu
E seu doce coração
Por ele forte bateu.

Francisca não conhecia
A maldade desse mundo
E caiu fácil na lábia
De seu galante Raimundo
Que na arte do xaveco
Era um verdadeiro imundo.

Botou a mão na mão dela
Falando com muito estilo
Francisca ouviu passarinhos
Cantando junto com grilo
E Raimundo foi em frente
Colocando a mão naquilo.

Francisca endurecida
Fitava o namorado
Que pegando a mão dela
Com carinho e com cuidado
Foi pondo sem cerimônia
Em cima do seu cajado.

Francisca por puro instinto
Segurou o animal
Porém num susto em seguida
Tirou a mão do local
E perguntou: Raimundinho,
Pra quê guardas este pau?

Raimundo muito sacana
Com toda tranqüilidade
Disse: Francisca querida
Quanta ingenuidade
Isso aí é uma agulha
De costurar virgindade

Francisca examinou-a
E disse: Como é grossinha
E prosseguindo o exame
Encontrou uma fendinha
E perguntou ao Raimundo:
É aqui que põe a linha?

Seguiu dizendo: Raimundo
Gostei dessa novidade
Se essa agulha aí
Faz o que dizes de verdade
Levantas, vem e costura
Logo a minha virgindade.

Raimundo quis sair fora
Mas Francisca de pressinha
Fechou a porta da frente
Em seguida a da cozinha
E já retornou à sala
Sem vestido e sem calcinha.

Raimundo ficou sentado
Com o rosto empalidecido
E Francisca insistindo
Costura noivo querido
Pegando no instrumento
Sentiu ele amolecido.

Deu um salto para trás
Dizendo: pode ir embora
Porque homens mentirosos
Eu conheci muitos aí fora
Mas um frouxo e boxador
Fostes o primeiro agora.

Olhando para Raimundo
Disse dando uma risada:
Vou revelar-te uma coisa
Raimundo meu camarada
O padre que entra e sai
Aqui, sou eu disfarçada.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para falar de cordel



A Literatura de Cordel é uma das mais antigas manifestações culturais do Brasil, e tem suas raízes fincadas nos pregões, que eram anúncios cantados no Portugal Medieval.




No Brasil, a literatura de cordel foi mais difundida no Nordeste e ganhou este nome devido à forma como era vendida. Os poetas populares criavam suas obras e como eram na sua grande maioria analfabetos, decoravam e em seguida faziam suas apresentações nas feiras e salões das cidades do interior do Nordeste. Muitas vezes a ordem era inversa, isto é, devido à grande capacidade de memorização destes artistas, durante uma apresentação, eles criavam uma nova história e ao mesmo tempo a decorava e passava a cantá-la, ou recitá-la por onde passava.


Alguns autores passaram a imprimir estas poesias e a vendê-las nas feiras e festas populares. Para chamar a atenção de público, eles expunham os livretos em cordéis presos a estacas, o que origem ao nome e para aguçar o interesse do publico cantavam ou recitavam partes do livreto, (folheto) e só retomavam a leitura após vender uma quantidade de livros por ele determinada.


Uma das características principais da Literatura de Cordel é a sua forma, que por sua história e importância para a nossa cultura não deve ser modificada ou deturpada. A base da literatura de cordel são versos de sextilhas, estrofes de seis linhas com versos de sete sílabas. O esquema básico de rima para o cordel e ABCBDB, onde o segundo verso rima com o quarto e com o sexto e os versos um, três e cinco são soltos. Outras formas de rima podem ser apresentadas como ABBAACCDDC, ou AAABCCCB, entre outras.


Exemplo I:






EU E VICENÇA – Autor desconhecido




A - Quando solteiro eu vivia
B - Era o maior aperreio
B - Alem de ser muito feio
A - As muié não me queria
A - Pra toda banda que eu ia
C - Com um camarada meu
C - Ele confiava n’eu
D - Ia beber e fumar
D - Fazer bagunça e brigar
C - E quem ia preso era eu...


Exemplo II:


VAQUEIRO ABADONADO – Não achei o autor


A - Fui um vaqueiro afamado
A - Mas estou velho e cansado
A - E minha luta de gado
B - Vou entregar ao patrão,
C - Sem fugir do evangelho
C - Na tristeza me emparelho
C - Por que um vaqueiro velho
B - Não tem mais disposição.


Qualquer outra forma de poesia, que fuja às regras acima e outras mais complexas, como o martelo, o quadrão, o galope,  como o que vemos abaixo, em respeito a esta arte, não pode ser chamada de cordel.
Sou homem e faço verso
Por que gosto de mulher
Também gosto de café
Outra paixão que confesso.


Para ilustrar este arte segue as belas estrofes inicias de obras primas do Cordel.


Do Cordel “A INTREGA DO CACHORRO COM O GATO”, autor José Pacheco, naturalidade imprecisa. Correntes PE ou Maceió – AL.


A intriga é mãe da raiva
O mau pensamento é pai
Da casa da má querência
O desmantelo não sai
Enquanto a intriga rende
A revolução não cai...


Do Cordel “A PRINCESA GENI E O REINO MONTE DE OURO” editor João José da Silva – Não consegui informação sobre o autor. Um acróstico no final do livro trás o nome Luiz de Lira, que pode ser o nome do autor.


Eis um mistério em poema
Exposto ao nosso cântico
Drama passado num reino
De um povo bem romântico
Que vivera muito além
Do Oceano Atlântico...


Do cordel “O HERÓI JOÃO DE CALAIS” de Severino Borges da Silva – Aliança–PE.


Vinde musas que habitam
As regiões divinais
E banham-se nas santas águas
Das fontes celestiais
Que vou versar o romance
Do herói João de Calais...


O cordel continua vivo e precisa de apoio e divulgação. Para você que gosta, uma dica é a livraria Cortez em São Paulo e a Editora Luzeiro. Busque na Net, você vai encontrar muita coisa boa. Tem também o site da ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que mantem viva esta bela tradição cultural.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

CORDEL DO NILDO CORDEL - O MENINO QUE MORA EM MIM

O menino que mora em mim
 E mais menino que eu
 O menino que mora em mim
 É menino que não cresceu
 O menino que mora em mim
 Faz dele o que já foi meu.

  
O menino que mora em mim
 Carrega um sonho ligeiro
 Navega em mares que não viu
E sonha ser o primeiro
 O menino que mora em mim
 Tem sonhos sem paradeiro.

O menino que mora em mim

 Ainda nem aprendeu
Por completo o beabá
 Da vida que Deus lhe deu
 O menino que mora em mim
 É o menino que já fui eu.

O menino que mora em mim
 Ainda não viu nascer
 O homem que mata a vida
 Tentando a vida viver
 O menino que mora em mim
É dono do seu querer.

 O menino que mora em mim
 É feliz e sonhador
 Não conhece a ténue linha
 Entre o ódio e o amor
 O menino que mora em mim
 Desconhece o que é dor.

  O menino que mora em mim
 Não quer ser o derradeiro
 O menino que mora em mim
 Carrega amor verdadeiro
 O menino que mora em mim
 Prega a paz ao mundo inteiro.

O menino que mora em mim
 Deixa-se ainda chorar
 Tem pureza nos desejos
E beija só por beijar
 O menino que mora em mim
 Quer pelos ares voar.

O menino que mora em mim
 Ainda vive sereno
 O menino que mora em mim
 É um menino pequeno
 E não sabe que o poder
 É um terrível veneno.

O menino que mora em mim
 Quando em mim se achar
 Vai pensar que estar sonhando
 E vai querer acordar
 Pois que nisso se tornou

 Não vai querer aceitar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CORDEL DO NILDO CORDEL - CARTA A UMA INGRATA

Pego papel e caneta,

Carregado de emoção
Para escrever uma carta
Com rimas do meu sertão
Endereçada a uma ingrata
Que roubou meu coração.

Ingrata estes meus versos
São só para lhe dizer
Que se sua pretensão
Era me fazer sofrer
Meu sofrimento é intenso
Dói muito meu padecer.

Sentindo a sua falta
Perambulo pela rua
Em cada vulto que encontro
Eu vejo a face sua
E choro desesperado
Na companhia da lua.

Retornado ao meu quarto
Entrego-me ao desespero
Fazendo do pensamento
O meu fiel conselheiro
Sentindo a sua falta
Abraço seu travesseiro.

Depois de muito chorar
Faço do chão meu divã
Dormindo sonho consigo
Quando acordo de manhã
Ainda trago na boca
O gosto de seu baton.

Eu daria a minha vida
Pra este sofrer ter fim
Chorando eu peço aos santos
Que tenham pena de mim
E vou tentar lhe encontrar
Entre as flores do Jardim.

Na solidão do jardim
O vento trás seu perfume
Uma flor em pleno viço
Sua beleza resume
E das abelhas que sugam
Tal flor, eu sinto ciúme.

Então afasto as abelhas
Tentando a flor beijar
Lembrando de seus afagos
Ponho-me tristonho a chorar
Lamentando a triste sina
De quem nasceu para amar.

O vento sopra macio
Com suave mansidão
De Leva toca meu rosto
Fazendo meu coração
Confuso pensar que é
O toque de sua mão.

Já não tenho mais assunto
Estou de planto banhado
Porque sei que é triste a sina
De um homem apaixonado
Que dedicou sua vida
Para amar sem ser amado.

E terminando esta carta
Escrita com emoção
Grafada com minhas lágrimas
No papel da solidão
Deixo para quem amei
Um beijo no coração.