segunda-feira, 7 de junho de 2010

CORDEL DO NILDO CORDEL - CARTA A UMA INGRATA

Pego papel e caneta,

Carregado de emoção
Para escrever uma carta
Com rimas do meu sertão
Endereçada a uma ingrata
Que roubou meu coração.

Ingrata estes meus versos
São só para lhe dizer
Que se sua pretensão
Era me fazer sofrer
Meu sofrimento é intenso
Dói muito meu padecer.

Sentindo a sua falta
Perambulo pela rua
Em cada vulto que encontro
Eu vejo a face sua
E choro desesperado
Na companhia da lua.

Retornado ao meu quarto
Entrego-me ao desespero
Fazendo do pensamento
O meu fiel conselheiro
Sentindo a sua falta
Abraço seu travesseiro.

Depois de muito chorar
Faço do chão meu divã
Dormindo sonho consigo
Quando acordo de manhã
Ainda trago na boca
O gosto de seu baton.

Eu daria a minha vida
Pra este sofrer ter fim
Chorando eu peço aos santos
Que tenham pena de mim
E vou tentar lhe encontrar
Entre as flores do Jardim.

Na solidão do jardim
O vento trás seu perfume
Uma flor em pleno viço
Sua beleza resume
E das abelhas que sugam
Tal flor, eu sinto ciúme.

Então afasto as abelhas
Tentando a flor beijar
Lembrando de seus afagos
Ponho-me tristonho a chorar
Lamentando a triste sina
De quem nasceu para amar.

O vento sopra macio
Com suave mansidão
De Leva toca meu rosto
Fazendo meu coração
Confuso pensar que é
O toque de sua mão.

Já não tenho mais assunto
Estou de planto banhado
Porque sei que é triste a sina
De um homem apaixonado
Que dedicou sua vida
Para amar sem ser amado.

E terminando esta carta
Escrita com emoção
Grafada com minhas lágrimas
No papel da solidão
Deixo para quem amei
Um beijo no coração.

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