sexta-feira, 14 de maio de 2010

PEÃO POESIA

Quer mesmo saber quem sou,
Pois bem, eu vou lhe falar:
Sou um cidadão comum
Vivo para trabalhar,
Não tenho tempo para ler,
Para escrever, para amar.

Juro, um dia eu quis se eu,
Mas não me deram valor...
Sou mão de obra barata,
Sou um pobre sonhador,
Sou um jovem embrutecido
Que a vida emborrou.

Eu moro lá na favela,
Em um pequeno barraco.
À noite eu e meus filhos
Nos misturamos com trapos
E dividimos um espaço
Do nosso chão com os ratos.

O chão é a minha cama,
Latas vazias, as panelas...
Minha rua é só um beco
Pois eu moro na favela
E só conheço a fartura
Porque assisto ás novelas.

Mas para sua surpresa,
Eu não sei tocar viola,
Nem vou à Praça da Sé
Não tenho tempo e nem hora
A construtora é meu Campus
E a TV minha escola.

Já sei até fazer prédio
Em estilo rococó
Que deve ser inspirado
Na galinha carijó
Ou é coisa importada
Do Sertão do Siridó.

De coração dividido
Vou levando meu destino
Já não tenho identidade
Vivo como um clandestino
No Nordeste eu sou Paulista
Em São Paulo, Nordestino.

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