domingo, 23 de dezembro de 2012

Um pé de maracujá na laje

Tem um pé de maracujá na minha laje
Nasceu de uma simples semente
Que numa fresta entre o piso e parede
Foi jogada displicentemente
Mas que por uma obra da natureza
Sua raiz pequenina e indefesa
Encontrou na terra uma força pertinente.

Foi subindo na parede como cobra
Desafiando a tal lei da gravidade
Foi subindo guiada pelo sol
Como quem enxergava a claridade
E vencendo obstáculos urbanos
Como varais onde se secavam panos
Encontrou numa laje a liberdade.

Com uma ajuda de um humano necessária
Que entre varas amarrou um grande fil
E como exímia trepadeira que ele é
O pé de maracujá rapidamente subiu
Instalou-se, cresceu e ficou forte,
Como um retirante desafiando a sorte
Venceu, está forte e é viril.


À laje, ele enfeitou deu cara nova
A um canto desértico trouxe vida
Têm abelhas, marimbondos, borboletas,
E uma antena de TV quase escondida
E para mostrar que por mim já tem amor
Outro dia me trouxe um beija-flor...
Que plantinha exemplar e atrevida!

E como se tudo isso não bastasse
Esse pé de maracujá tão resoluto
Dá seu exemplo de que viver, sim é possível:
Para este humano insensível e quase bruto
Pois neste espaço inóspito e sem vida
Esta planta vencedora e atrevida
Presenteia-me com o seu primeiro fruto.




sábado, 22 de dezembro de 2012

Ode a chuva

Serena se derrama
Em travessura se espalha
Terrível se desenha
Temível se apresenta
Desejada se anuncia
Em tempestade se entrega
Tempestuosa se esvai
Destruidora se joga
Cai triunfal
Lá no cafezal
Na cidade é fatal
Faz lamaçal
Prejuízo total
É cabo eleitoral...
Doce se desfigura
Mata a sede e mata!
Comove, remove,
E chove!